terça-feira, 23 de novembro de 2010

Música



Vibração dos elementos. Energia que emana de tudo, pois tudo vive. Som é movimento, tudo está em movimento, tudo vibra. Som é vibração.
Aguce os ouvidos e poderá perceber a vibração da natureza, dos ventos, das águas, do coração. Há quem diga que a música é a combinação de sons agradáveis. Agradável é um adjetivo, está carregado de interpretação. Para quem tem a capacidade (ou o direito) de ouvir o som das matas, das chuvas, dos pássaros, pode interpretar como sendo música pois é agradável.
Para quem tem a capacidade de ouvir o coração, sentir o batimento compassado e constante da alfaia de nosso organismo, pode interpretar como sendo música.
No dia do músico, minha homenagem ao regente dessa grande orquestra em que somos somente um instrumento. Ao Mestre da música, criador dos sons e dos instrumentos.
Agradeço a oportunidade de poder ser tocado pelos sons do mundo, pelos sons da vida, pelos sons que compõe essa grande obra que é a nossa jornada nesse planeta.
Desejo que a nossa vida seja cada vez mais musical. Na afinação do amor.

"As estrelas são as notas musicais. O céu é a partitura. O homem é o instrumento" (Christian Morgenstern)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Os instrumentos antigos e a modernidade



Em Florianópolis estive participando de uma palestra com Joaquim Pinheiro, luthie carioca que se dedica a construção de instrumentos antigos. Ele é organizador de um livro (muito legal), publicado pelo Sesc, onde conta a história do violão.

“A História do Violão” tem as fotos e detalhes históricos dos instrumentos que fazem parte dessa fábula. Alaúdes, guitarras, violas, chegando até o instrumento que conhecemos hoje pelo nome de violão.

Na palestra, que faz parte da programação do Festival de Música Contemporânea promovido pela Aliança Francesa, Seu Joaquim nos mostrou como construir um alaúde, instrumento de origem árabe, levado para a Europa na idade média.

Contou de forma detalhada as etapas de produção do instrumento. Mas o que mais me chamou a atenção foi uma informação dada ao final do encontro. “Os pedidos desse instrumento tem aumentado cada vez mais”, disse.

Mesmo um instrumento da idade média, de 4, 5 séculos atrás, muitas pessoas no Brasil estão estudando e querendo tocar e fazer música com o alaúde. “A literatura musical é vasta. Durante alguns séculos este foi o principal instrumento da Europa”, explicou o luthie.

Saí de lá mais tranqüilo e com uma sensação de que continuamos construindo nossa história. Vejo o número crescente de pessoas se dedicando à viola caipira. Ouvi que muitas pessoas estão se dedicando ao estudo do alaúde. Sei que nem tudo é música eletrônica ou de pseudo-bandas pop adolescentes.

Seguimos nosso caminho de fortalecer nossas raízes musicais. Fazendo música com instrumentos construídos por mãos calejadas. Mãos que fazem história junto conosco. Mãos que fazem a arte de transformar madeira em sons. Poesia da modernidade histórica.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Cantá



Cantá seja lá cumu fô
Si a dô fô mais grandi que o peito
Cantá bem mais forte qui a dô


Cantá pru mor da aligria
Tomém pru mor da tristeza
Cantano é qui a natureza
Insina os ome a cantá


Cantá sintino sodade
Qui dexa as marca di verga
Di arguém qui os óio num vê
I o coração inda inxerga


Cantá coieno as coieta
Ou qui nem bigorna no maio
Qui canto bão de iscuitá
É o som da minhã di trabaio


Cantá cumu quem dinuncia
A pió injustiça da vida:
A fomi i as panela vazia
Nus lá qui num tem mais cumida


Cantá nossa vida i a roça
Nas quar germina as semente
As qui dão fruto na terra
I as qui dão fruto na gente


Cantá as caboca cum jeito
Cum viola i catiguria
Si elas cantá nu seu peito
Num tem cantá qui alivia


Cantá pru mor dispertá
U amô qui bati i consola
Pontiano dento da gente
Um coração di viola


Cantá cum muntos amigos
Qui a vida canta mió
É im bando qui os passarim
Cantano disperta o só

Cantá, cantá sempri mais:
Di tardi, di noiti i di dia
Cantá, cantá qui a páiz
Carece di mais cantoria


Cantá seja lá cumu fô
Si a dô fô mais grandi qui o peito
Cantá bem mais forti qui a dô

(Gildes Bezerra)