História da Viola


A história

No começo se fez a vida neste planeta. Se fez o homem. E o homem começou a fazer. Criou e descobriu coisas. Entre elas a música.

O primeiro instrumento que ele descobriu foi o corpo, a voz.

Depois começou a bater nas coisas. Troncos, pedras, madeiras. Descobriu timbres diferentes, toques diferentes. Surgiu a percussão.

Uma antiga lenda diz que Hermes inventou o primeiro instrumento musical de cordas dedilhadas, feito de casco de uma tartaruga e tripas de boi esticadas sobre um longo braço. Apolo, deus grego da música e da arte do arco e da flecha, encantou-se com o som do instrumento, e teria trocado tudo o que tinha por ele.

Talves daí, dos instrumentos de caça, do arco e a flecha, surgiam os primeiros sons. Do arco aprendeu a controlar a madeira e a corda para tirar sons, friccionando a flecha sobre a corda ou somente tocando-a com os dedos. Aprimorou a sua construção, o feitio das cordas, mais grossas, mais finas. Mais resistentes, mais frágeis. Os tipos de madeira. Com isso vieram sons diferentes. Aprimorou a caixa de ressonância. Mais sons poderiam ser feitos.

Enquanto isso a humanidade dominava o planeta. Sociedades complexas se estendiam por campos, montanhas, rios e mares. A humanidade domina a escrita, a matemática, compreendia fenômenos naturais, domesticava plantas e animais.

Já existiam instrumentos de cordas contando com um longo braço, saindo de uma caixa de ressonância.

1500 a. C. semitas trazem da Síria para a europa a Kíthara.

Por volta de 1000 a.C. os hititas (Síria) utilizavam um instrumento de quatro cordas denominado Kinnor. Nessa mesma época, egípcios e hebreus utilizavam um instrumento oval e de braço reto chamado Nebel, assemelhado ao violão.

No antigo Egito surgiam os primeiros cordofones, tangidos com arco ou dedilhados, tendo seus remanescentes recebidos durante a Idade Média e a Renascença a denominação de viola.

Destacam-se duas hipóteses para a origem da viola: a de que esteja ligada ao alaúde árabe levado à Espanha e/ou de descendência de um instrumento de origem greco-romana.

Kíthara: trazida da Síria pelos semitas por volta da 1500 a.C., acredita-se que a kíthara grega tinha de cinco a 18 cordas e era tocada com palheta. Com a dominação do Império Romano, o instrumento passou a ser chamado de cítara romana, levada à Península Ibérica pelos romanos na metade do séc I d.C.

O desenvolvimento das ferramentas e da matemática fez com que o homem criasse uma variedade grande de instrumentos musicais. Os cordofones foram se diferenciando.

Durante a ocupação moura na Europa (séc VIII) os otomanos auxiliaram muito no desenvolvimento da Europa. Desde astrologia, arquitetura, matemática, medicina, artes em geral. Além do alaúde, os mouros levaram o pandeiro para a europa.

Com os mouros na Espanha, iniciou um lento processo de convívio onde a cítara romana e o alaúde árabe que se influenciaram mutuamente. A guitarra mourisca e a guitarra latina.

Guitarra mourisca: da família dos alaúdes. Apresenta caixa de ressonância com fundo côncavo, com três ordens de cordas duplas tocadas com palheta.
Guitarra Latina: derivada da khítara grega. Com fundo plano, com quatro ordens de cordas duplas e tocada com os dedos.
da guiter à vihuela
No século XIII registra também a utilização de um instrumento denominado guitern, de pequenas dimensões, corpo, braço e cravelheira esculpidos em um único bloco de madeira, com três cordas de tripa afinadas em intervalos de 3ª e 4ª. Considerado o antecessor medieval da guitarra.

A partir do séc XIV desenvolve-se na europa a polifonia (ação conjunta de diferentes melodias superpostas, resultando em um todo harmonioso).

Os instrumentos musicais que apresentavam potencial harmônico com possibilidades técnicas para o desenvolvimento polifônico foram ocupando lugar de destaque.

O velho alaúde árabe introduzido na Península Ibérica por volta do séc XII, provavelmente trazidos pelos cruzados, surge como grande instrumento para a prática polifônica.

O alaúde medieval dos séc XIV e XV apresenta formato de meia-pêra, fundo convexo, braço dividido entre nove e dez trastes de tripa contando inicialmente com quatro depois cinco ordens de cordas duplas e simples tocadas com palhetas.

Por volta da metade do século XV, ganha mais um par de cordas, somando seis ordens sendo cinco duplas e uma simples.

Renascença

No século XVI, na Espanha, surge a vihuela. Instrumento em forma de oito, que substitui o alaúde, de origem árabe. Dizem historiadores que por causa dos preconceitos que os músicos mouros sofriam naquele país, os músicos europeus transformaram o instrumento.

Usada principalmente na Espanha, a vihuela ficou conhecida também na Itália e Portugal com o nome de viola.

A palavra viola foi aplicada a vários instrumentos de cordas. Vihuela de arco (tocada com arco), vihuela de peñola (tocada com uma pena que servia como uma espécie de palheta) e vihuela de mano (tocada com os dedos). Mas a denominação vihuela referia-se geralmente à vihuela de mano. Ela apresenta semelhança com o alaúde no que respeita à utilização de pares de cordas (ordens), trastes móveis e afinação. Diferenciava-se somente pela caixa de ressonância em formato de oito.

Em Portugal, a partir de meados do séc XVI, um instrumento com a característica forma de oito, de caixa alta, boca redonda, braço de médio tamanho, com dez cordas agrupadas em cinco ordens duplas, presas em um cavalete colocado sobre um tampo, encontra-se amplamente difundido. Designado correntemente de viola, sua utilização generaliza-se em contextos mais populares, em festas rurais e de ruas.

Nessa época multiplicaram-se os livros de música para vihuelas. Desenvolveu-se a tablatura (italiana e espanhola) e as cifras (francesa).

No século XVII, talvez devido a uma conversão técnica desses instrumentos, um grande número de instrumentos podem ter sido adaptados como guitarras de cinco ordens.

Considerado o instrumento preferido dos grandes polifonistas espanhóis do séc XVI, a vihuela foi usada para a execução de peças complicadas até danças populares, canções acompanhadas e transcrições de obras vocais sacras.

Os vihuelistas espanhóis contribuíram muito para o desenvolvimento da linguagem musical do século XVI. Desenvolvimento de um estilo instrumental próprio, uso sistemático da escrita musical de tempo, criação de um repertório para o instrumento, desenvolvimento de um sistema tonal e de um estilo harmônico para o canto de acompanhamento.

Vihuela se torna o principal instrumento da península ibérica no período.

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